Cerca de centena e meia de fiéis das paróquias de Aljubarrota, Batalha, Calvaria, Juncal, Pedreiras e Reguengo do Fetal participaram num encontro vicarial com o administrador apostólico diocesano, cardeal D. António Marto, no passado dia 4 de Março, no âmbito do triénio pastoral em curso, sobre a Eucaristia.
O encontro, no salão do centro paroquial da Batalha, começou, precisamente, por um momento de adoração eucarística, uma celebração em que todas as paróquias se fizeram representar como comunidades de fé e receberam a bênção do Santíssimo.
Depois, D. António Marto apresentou uma reflexão sobre o tema, começando por referir a “crise eucarística” que se sente no mundo atual, sobretudo pela “perda do verdadeiro sentido da Santa Missa”, muitas vezes vista como “mera oração”, como “rito religioso” de homenagem aos defuntos ou “cumprimento de um preceito”, como “hábito social” ou “solenização de um evento”, ou ainda como “sacrifício” que se oferece a Deus pelo simples facto de se esforçar por nela participar.
Daqui advém, defendeu o Cardeal, uma “emergência eucarística”, uma necessidade de “limpar teias de aranha” que se exige, tanto a leigos como a clérigos. A esse propósito, recordou com um toque de humor alguns episódios da sua juventude de presbítero, em que não celebrou a Missa por sentir que “nada tinha a oferecer a Deus naquele dia”, ou porque eram poucas as pessoas que tinha consigo para a celebração.
“Aprendemos com a vida e com o testemunho de quem nos alerta para o verdadeiro sentido da Eucaristia”, continuou, frisando que “não vamos para oferecer, mas sim para receber o dom divino por excelência, a presença viva e real de Deus, na sua Palavra e no Corpo e Sangue – na Pessoa – de Jesus Cristo. “Somos convidados ao encontro com Ele”, em primeiro lugar, pela Palava que “não é história ou memória, mas sim com que nos fala hoje no concreto da nossa vida e da nossa história”. Por isso, a importância de preparar bem os leitores – proclamadores – da Palavra de Deus. E encontro, depois, com o mistério da sua morte e ressurreição, “da entrega total e definitiva para nos salvar”, mistério que se torna presente e real na comunhão que nos convida a fazer “física e espiritualmente” com Ele. Por fim, é a Missa que “nos torna corpo em comunhão” e “nos envia em missão”, pois “é no mundo que se concretiza o dom da Eucaristia que celebramos”.
A pergunta a fazer, perante a plena compreensão deste dom maior que Jesus deixa à Igreja para que o ofereça ao mundo, é “como participamos”? Nenhuma resposta é válida se não for “ativamente, com alegria, como oferta amorosa de vida, e na disponibilidade para acolher e testemunhar o dom de Deus”. Só assim a Missa será a “fonte e força” de toda a vida cristão. No mesmo sentido, sublinhou a importância da adoração eucarística, “para a qual devemos reservar algum tempo, como ação de graças, louvor e presença contemplativa diante deste mistério do amor e da ternura de Deus”.
Com despedida marcada para o domingo seguinte, o agora administrador apostólico e depois bispo emérito de Leiria-Fátima, aproveitou para agradecer o acolhimento, carinho e testemunho de fé que recebeu nesta diocese e, concretamente, destas comunidades da vigararia da Batalha. Manifestou-se disponível para continuar a servir esta Igreja e o Evangelho junto de nós, embora já não como pastor, múnus confiado ao bispo D. José Ornelas, que assumirá a 13 de Março, para quem pediu “o mesmo bom acolhimento e colaboração” que sentiu nos últimos 16 anos.
Também estas paróquias quiseram agradecer a D. António Marto a sua dedicação e a “sábia e amorosa” partilha do seu episcopado, ofertando-lhe simbolicamente um vinho regional e um ramo de flores. Foi, ainda, lida uma mensagem de saudação e testemunho de “admiração e gratidão” do provedor da Misericórdia da Batalha, Carlos Monteiro, ausente por motivos de saúde.
O serão ficou completo com um breve beberete de convívio informal entre os presentes.
Luís Miguel Ferraz
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