31 de março de 2024 | Domingo de Páscoa da Ressurreição
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As mulheres esperavam encontrar o cadáver para o ungir; em vez disso, encontraram um túmulo vazio. Foram chorar um morto; em vez disso, escutaram um anúncio de vida: «Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou». E depois este convite: «Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá O vereis». Acolhamos, também nós, este convite, o convite de Páscoa: vamos para a Galileia, onde nos precede o Senhor Ressuscitado. Mas, que significa «ir para a Galileia»?
Ir para a Galileia significa, antes de mais nada, recomeçar. Para os discípulos, é voltar ao lugar onde inicialmente o Senhor os procurou e chamou para O seguirem. É o lugar do primeiro encontro e o lugar do primeiro amor.
Aqui está o primeiro anúncio de Páscoa que gostava de vos deixar: é possível recomeçar sempre, porque sempre há uma vida nova que Deus é capaz, independentemente de todos os nossos falimentos, de fazer reiniciar em nós. Deus pode construir uma obra de arte inclusive a partir dos escombros do nosso coração; inclusive a partir dos pedaços arruinados da nossa humanidade, Deus prepara uma história nova. Ele sempre nos precede: na cruz do sofrimento, da desolação e da morte, bem como na glória duma vida que ressurge, duma história que muda, duma esperança que renasce.
Ir para a Galileia significa, em segundo lugar, percorrer caminhos novos. É mover-se na direção oposta ao túmulo. Ir para a Galileia significa aprender que a fé, para estar viva, deve continuar a caminhar. Deve reavivar cada dia o princípio do caminho, a maravilha do primeiro encontro. E depois confiar, sem a presunção de já saber tudo, mas com a humildade de quem se deixa surpreender pelos caminhos de Deus. Vamos para a Galileia descobrir que Deus não pode ser arrumado entre as recordações da infância, mas está vivo, sempre surpreende.
Aqui está o segundo anúncio de Páscoa: a fé não é um repertório do passado, Jesus não é um personagem ultrapassado. Ele está vivo, aqui e agora. Caminha contigo todos os dias, na situação que estás a viver, na provação que estás a atravessar, nos sonhos que trazes dentro de ti.
Ir para a Galileia significa, além disso, ir aos confins. Porque a Galileia é o lugar mais distante. É o lugar da vida diária, são os caminhos que percorremos todos os dias. Na Galileia, aprendemos que é possível encontrar o Ressuscitado no rosto dos irmãos, no entusiasmo de quem sonha e na resignação de quem está desanimado, nos sorrisos de quem exulta e nas lágrimas de quem sofre, sobretudo nos pobres e em quem é marginalizado. Ficaremos maravilhados ao ver como a grandeza de Deus se revela na pequenez, como a sua beleza resplandece nos simples e nos pobres.
E assim temos o terceiro anúncio de Páscoa: Jesus, o Ressuscitado, ama-nos sem fronteiras e visita todas as situações da nossa vida. Ele plantou a sua presença no coração do mundo e convida-nos também a nós a superar as barreiras, vencer os preconceitos, aproximar-nos de quem está ao nosso lado dia a dia, para redescobrir a graça da quotidianidade.
Irmã, irmão, se nesta noite tens no coração uma hora escura, um dia que ainda não raiou, uma luz sepultada, um sonho despedaçado, coragem! Abre o coração maravilhado ao anúncio da Páscoa: «Não tenhas medo, ressuscitou! Espera-te na Galileia». Os teus anseios serão realizados, as tuas lágrimas serão enxugadas, os teus medos serão vencidos pela esperança. Porque – sabes? – o Senhor sempre te precede, caminha sempre à tua frente. E, com Ele, a vida sempre recomeça.
Papa Francisco, 3 de abril de 2021, excertos. Homilia completa AQUI
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