11 de junho de 2023 | 10º Domingo do Tempo Comum
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É célebre o quadro de Caravaggio, que se encontra na igreja de São Luís dos Franceses, em Roma, que retrata o momento do chamamento de Mateus. Em cena, seguindo os raios da luz, entra Jesus com Pedro, apontando ambos com a mão (que recorda a mão criadora de Deus no teto da capela Sistina) para uma mesa onde se encontram várias personagens. Os pés de Jesus já se encontram em movimento de saída, quase que exigindo uma resposta determinada e radical. A janela, por cima do seu gesto, mais que revelar uma paisagem exterior, ou a entrada de luz, parece querer fixar-nos na cruz que está no horizonte de quem chama e de quem é chamado.
Entre as personagens sentadas à mesa, ocupadas com as moedas e os registos próprios de um cobrador de impostos, perguntamo-nos quem será o chamado… A opção recai habitualmente para aquele que além de olhar para Jesus, aponta para si mesmo como que a perguntar «Quem, eu?», entre o espanto e a necessidade de uma resposta, naquele momento em que está metido com as suas ocupações e preocupações habituais.
A presença de Jesus como que desconserta a vida quotidiana daquele grupo, trazendo-lhe uma luz nova, que se contrapõe às trevas que enchem grande parte da pintura. Aquele é o preciso momento do chamamento. Esse encontro que desconserta, quando Jesus entra na vida concreta de Mateus e o faz compreender que, também para ele, é possível uma vida nova, seguindo Jesus.
Do texto de Mateus, que escutamos neste domingo, sabemos que a resposta foi imediata. Que se seguiu um banquete que certamente marcou um recomeço, e que à mesa de Mateus e dos seus amigos, Jesus vem reforçar aquilo que sempre esteve presente na história de cada chamamento, também do nosso: o encontro com o Deus da misericórdia, que vem acompanhar aqueles que, percebendo a sua fragilidade, se dispõem a seguir Jesus, sabendo que Ele vai à frente, e que não veio para chamar os justos mas os pecadores. Ser discípulo, seguir Jesus, é aceitar ser re-criado por Ele (sinal da mão), deixar-se acompanhar por outros, em Igreja (na presença de Pedro), tomando a cruz de cada dia (a janela), deixando-se iluminar por Cristo (fonte de luz), aceitando que não somos perfeitos, mas infinitamente amados e perdoados, sabendo que Ele segue à frente.
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