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No contexto do “Evangelho da Infância”, Mateus oferece-nos o episódio dos magos vindos do Oriente. Os símbolos e imagens usados expressam sobretudo uma mensagem: Jesus é o Messias anunciado e desejado, enviado pelo Pai para oferecer a luz, a vida e a salvação a toda a humanidade. Nem todos O procuram, alguns até O rejeitam, para muitos é-lhes indiferente… Mas, para quem O encontra de verdade, para quem O reconhece verdadeiramente como o Filho de Deus incarnado na fragilidade humana, para quem lhe oferece os seus presentes mais valiosos, a sua vida ganha uma nova luz, um novo horizonte.
A intenção deste episódio é sobretudo catequética. Mateus quer transmitir-nos uma mensagem através dos detalhes narrados na visita dos magos do Oriente.
Por um lado, dá-se a entender a identidade de Jesus. Nasceu em Belém, terra natal do rei David, o que liga Jesus ao Messias anunciado e esperado pelo Povo da Aliança. Mas é procurado e reconhecido por estrageiros, o que dá a entender, desde o início, que a sua missão não tem fronteiras de raças, lugares ou tempos. Jesus é a “estrela de Jacob” (cf. Num 24, 17), mas a sua luz ilumina toda a humanidade. A prostração e adoração é o reconhecimento da sua divindade, que é reforçada pelos presentes oferecidos: ouro, incenso e mirra. Ligados tradicionalmente à Arábia, estes bens significavam as dádivas de todos os povos ao Messias esperado (cf. Sl 72, 10-11.15; Is 60, 6), mas os cristãos também viram, nessas ofertas, os símbolos da realeza (ouro), da divindade (incenso) e da humanidade sofredora (mirra) de Jesus.
Por outro lado, o texto apresenta a diversidade de reações diante de Jesus. Os magos buscam, Herodes tem medo e rejeita, toda a cidade fica perturbada, os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo ficam indiferentes mesmo conhecendo todas as profecias… A mensagem é a que encontramos também no prólogo do Evangelho de João: “A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam… Veio para o que era seu, e os seus não O receberam. Mas, a quantos O receberam, aos que n’Ele creem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 5.11-12).
O relato termina com o regresso dos magos à sua terra “por outro caminho”. Um voltar renovado pelo encontro com a Luz de Jesus. “Há uma dinâmica sábia entre continuidade e novidade: voltamos «ao nosso país», mas «por outro caminho». Isto indica que somos nós que temos de mudar, de transformar o nosso modo de viver, ainda que seja no ambiente de sempre, de modificar os critérios de julgamento sobre a realidade que nos rodeia” (Papa Francisco). A conversão é, em primeiro lugar, do coração e da mente… Pensar e sentir a partir do encontro com Jesus, da escuta da sua Palavra, do acolhimento do dom da sua vida na Eucaristia.
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